quinta-feira, 27 de agosto de 2009

peregrinebriantia

nadámos até perder o pé
e a noção de direcção
e aí colocámos, bem firme,
a bandeira de localizacao
mergulhando tanto quanto necessário,
durante dias talvez,
até encontrar o chão.

aí sonhámos um palácio
que era pequenino estava
dentro de uma bola de sabão.

entrei nas salas,
não toquei nas flores,
mas o cheiro acompanhar-me-á sempre

entrámos com uma equipa de especialistas,
mas foram todos mortos um por um por um lobisomem,

quando nos apercebemos que só restávamos nós,
partimos,
por medo de sermos os próximos a morrer.

do nosso barco olhámos a linha do horizonte,
que tem uma linha negra paralela por cima
que é tinta da china.

Com ela escrevo e revelo a minha sede,
com ela chamo a chuva que me sacia.
Trovadores trovejantes
remam e rimam.

as páginas são levadas pela ondulação
mas encontrei-as secas
debaixo da areia.
Mas não lhes posso tocar
se não desfazem-se.

Consigo lê-las enquanto as persigo nadando
dançando na proa da minha Vontade:

a poesia continua a escrever-se a si própria,
e os nossos rostos perdidos na sombra das marés.

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