terça-feira, 21 de julho de 2009

o mergulho da perséfone

começa o mergulho da perséfone
a corrida desenfreada
o cair da noite
a perseguição das sombras
o afogamento nas profundezas
as caras pálidas
a mímica intensa da perdição
o envolver do remoínho inevitável
a dança do turbilhão
a dança no furacão
a prece da confusão
a redenção gloriosa à vontade divina
o arrancar das roupas, o arrancar da pele
a espuma nos lábios
a queda em câmara-lenta
o choro da verdade
as lágrimas da entrega.
abana-me a alma toda
sinto-me mesmo a ser enrolada pelas ondas
onda após onda
e é tão bom render-me
à vida.
a perda tem muito que se lhe diga.
sente-se mesmo a voz da alma aqui
como mantos ténues que se mexem com os sopros que se soltam
e se lançam no remoínho da incerteza
num caudal galopante de incessante busca
um rodopio descontrolado diante da inevitabilidade do destino
sentido, largando, sentindo, rindo, chorando, largando, caíndo...
rebolando... ficando...
mas o amor é a força dessa busca.. amor loucura afliçao... a linguagem do amor por vezes é terrivel....mas dá uma força descontroladamente assombrosa
re-ergue-se lentamente
contendo a força de mil trovões
contidas numa única lágrima que não se deixa cair.
que nos faz cair... finalmente.
a força da eternidade do amor
aterrorizante mas no fundo tao pleno....
e arrepiante

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